por Cynthia Maria Pinto da Luz*
O ano findou com o aumento da tarifa de ônibus. Isso é um problema que certamente acompanhará todo o novo ano, por ser um peso considerável no orçamento de grande parte da população. A contrariedade com a medida tomada pelo poder público municipal se expressa pelas mãos dos estudantes joinvilenses inconformados, com razão, que se manifestam nas praças, chamando a atenção geral. A juventude está mobilizada em todo o País contra o aumento das tarifas de transporte coletivo, não há “planilha de custos” que convença os jovens de que os reajustes são justos.
Agora, destaca-se no ano que inicia-se a manifestação pública dos plantonistas do Hospital São José que denunciam a insustentável superlotação da unidade de atendimento. A declarada irresponsabilidade das autoridades de saúde da cidade e do Estado não passa incólume pelos que lidam com a saúde pública.
Denunciam uma situação de colapso geral, com alto nível de estresse no trabalho por falta de recursos materiais, técnicos e profissionais e a desumanidade que reina no atendimento emergencial em vista da ausência de infraestrutura. A iniciativa dos servidores que vieram a público declarar sua discordância com tamanha barbaridade deve ser qualificada como um ato de grande sensibilidade e compromisso com as funções que desempenham.
Aqui é necessário fazer um parêntese para infelizes declarações de dirigentes dos hospitais públicos da cidade, que debitam a falta de atendimento e de qualidade no atendimento do pronto-socorro à falta de profissionais e à gravidade dos casos e não aos problemas estruturais e de gestão que são amplamente conhecidos pela população e usuários, totalmente na contramão dos fatos. Mas isso é outra história.
O que é muito bom, na verdade, é a indignação e o inconformismo dos estudantes e servidores públicos diante do caos, das arbitrariedades construídas e impostas pelos que são incapazes de melhorar a vida das pessoas, mesmo que esse seja o mister que lhes foi entregue por meio do voto, essa é a melhor coisa desse final e recomeço de ano.
O melhor de tudo isso mesmo é constatar que, diante da adversidade e das medidas arbitrárias, as pessoas são capazes de reagir, se organizar e ir às ruas para denunciar aquilo que todos já sabem, exigindo o atendimento de suas reivindicações. Porém, de fato o que precisa mudar a cada ano que recomeça é a prática das autoridades públicas, uma a uma, tomando para si o exemplo dos estudantes e dos servidores e, ao invés de ignorarem as reclamações e a indignação popular, tomarem medidas concretas para transformar a vida das pessoas em uma vida plena em qualidade e direitos. Mas isso, como já disse, é outra história.
* advogada do Centro de Direitos Humanos de Joinville
cynthiapintodaluz@terra.com.br
Fonte: A Notícia.
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