quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Relato da panfletagem de quarta-feira (14 de dezembro de 2011)


por Felipe Bello e Maikon K – militantes da Frente de Luta pelo Transporte Público

Não baixe a guarda, a luta não acabou”.

Criolo

A Frente de Luta pelo Transporte Público organizou um cronograma de atividades para barrar o aumento na tarifa do zarcão, que segundo o Prefeito Carlito Merss, por meio dos jornais, passará a custar R$2,70 a partir do dia 02 de Janeiro de 2012. A Prefeitura Municipal de Joinville também anunciou abertura de um processo licitatório para explorar o direito de ir e vir das pessoas. O fato é que o aumento continua acontecendo sem a consulta da população e a abertura de licitação perpetuará a exploração do transporte coletivo nas mãos de empresas que visam o lucro, não os direitos dos (as) usuários (as).

No dia 14 de dezembro de 2011, um grupo de dez militantes realizou um ato informativo dentro do Terminal Urbano Central. É a primeira vez que a Frente promove um ato, mesmo que pequeno, dentro do espaço do Terminal, fato que despertou uma tensão nos (as) militantes, já que é reconhecida a maneira truculenta que as empresas agem nos momentos de gritos contrários a exploração no transporte coletivo. Ao entrarmos no Terminal, passamos a falar no megafone, enquanto os demais membros da Frente distribuíam panfletos informativos. Imediatamente, uma mulher contratada pelas empresas Gidion e Transtusa, nos abordou e disse que nenhum panfleto poderia ser distribuído e que o megafone – que nesse momento era o instrumento de voz dos usuários (as) dos zarcões - não fosse mais utilizado. Argumentamos que o direito de expressão e organização é um direito constitucional, mesmo sabendo que historicamente os direitos burgueses são aplicados de acordo com os interesses dos ricos.

O ato continuou até que quatro homens vestidos de preto tentaram impedir a condução da nossa atividade. Nesse momento, ficou ainda mais evidente o quanto os seguranças estavam a serviço das empresas de transporte coletivo, já que o supervisor de nome Thiago, funcionário da Transtusa, argumentava quais as medidas os seguranças deveriam realizar. Somente um dos seguranças seguia os conselhos do supervisor da Transtusa, pois tentou impedir a fala no megafone, inclusive forçando a ruptura do microfone que conecta o nosso aparelho.

No momento seguinte, todos os seguranças presentes passaram a tentar usar a força contra os (as) militantes da Frente. Felizmente, demonstrações de apoio e incentivo surgiram da população presente no Terminal Central. Não sendo suficientes os gritos da população, as pessoas passaram a filmar, fotografar e foram para cima dos seguranças, demonstrações de apoio que nos motivou ainda mais a continuarmos a ação informativa. A população passou a gritar em coro “Já Basta!”. Também passaram a pressionar o supervisor da Transtusa a realizar a sua função, que no ponto de vista dos (as) usuários (as) presentes, seria cuidar para que os itinerários cumprissem seus horários, e não para que a população deixasse de ter voz.

Uma viatura policial marcou presença no Terminal Central Urbano, mas nada fizeram, já que as nossas ações não excederam as leis burguesas. Aproveitamos a presença policial para relatarmos a truculência realizada pelos seguranças. O fato é que na manhã seguinte do ato, fomos a Delegacia na Rua Marques de Olinda para abertura de Boletim de ocorrência contra a empresa de segurança Leon Master, que foi contratada pelas empresas Gidion e Transtusa. A medida de registrar um boletim de ocorrência serve para nós, um movimento social, como um documento do abuso exercido pelas empresas.

As palavras de apoio, a procura por mais informações de como participar da Frente e do ato programado para a quarta-feira, dia 21 de dezembro, às 18 horas, na Praça da Bandeira, instigaram a Frente a continuar na luta por um transporte público. Pois, ao baixarmos a guarda, as empresas e a PMJ irão explorar e dominar mais do que já estão habituados a fazer.

Em 2011 as nossas vozes gritam já basta de exploração sobre os nossos direitos, já basta de aumentos anuais, já basta de um serviço sem qualidade, já basta de um sistema que não nos permite o direito de ir e vir. Por um transporte coletivo definitivamente público, que permita a população o direito à cidade, já basta!

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