JACSON ALMEIDA
jacson@gazetadejoinville.com.
Manifestações contra o aumento na passagem de ônibus, que passa a vigorar em janeiro de 2011, começaram em Joinville. Antes mesmo do Natal, nos dias 22 e 23 de dezembro, estudantes e trabalhadores distribuíram panfletos em frente ao terminal central com o objetivo de mobilizar a população para barrar o novo acréscimo (até 25%) pedido pelas empresas Gidion e Transtusa, concessionárias do serviço.
Segundo um dos participantes da Frente de Luta pelo Transporte Público, Hernandez Vivan Eichenberger, o objetivo da panfletagem é denunciar o abuso da cobrança de tarifa do transporte coletivo, que será acima da inflação como nos últimos reajustes. "Queremos iniciar uma discussão sobre a licitação do transporte – também já anunciada pela prefeitura – e o debate por uma nova concepção de transporte, verdadeiramente público e democrático, fora da iniciativa privada", destaca.
Além desse primeiro ato, no dia 6 de janeiro de 2011 haverá uma manifestação envolvendo o movimento e outras entidades de Joinville.
A Prefeitura de Joinville divulgou na semana passada que o valor da nova tarifa ficará entre R$ 2,55 e R$ 2,65. Além disso, afirmou que o acréscimo começa a valer em janeiro. Será a segunda vez que o prefeito Carlito Merss (PT) concede aumento. Em 2009, o governo reajustou em 12,2%, o que elevou o valor de R$ 2,05 a R$ 2,30. Agora, o Executivo quer dar mais 30 centavos.
A tarifa
Novamente a Prefeitura de Joinville se baseia, para conceder o reajuste do transporte coletivo, nas planilhas feitas pelas próprias empresas que oferecem o serviço. As concessionárias alegam que o acréscimo é devido ao diesel, ao salário dos motoristas, a manutenção dos veículos, impostos e renovação da frota. Por outro lado, algumas melhorias para eles são esquecidas e não foram colocadas nas contas. Os corredores só para ônibus abaixam o consumo de combustível, a gratuidade para usuários entre 60 e 64 anos foi cancelada, algumas linhas foram retiradas, aumento de frota no último período foi de apenas 3%, não houve melhorias no sistema de transporte coletivo, a prefeitura baixou de 2% para 0,02% o ISS (Imposto Sobre Serviço) e o valor do diesel teve decréscimo no período.
Entrevista •Hernandez Vivan Eichenberger • integrante da Frente de Luta pelo Transporte Público
Aumento em janeiro
Essa época do ano, em razão das festas, recesso e férias escolares, é bem difícil mobilizar a população, o que avaliamos que é uma estratégia dos governos em geral, institucionalizada pelo Carlito ao fixar a database dos trabalhadores do transporte em janeiro.
Planilhas
O fato é que as planilhas permanecem fechadas. É absolutamente falso supor que uma planilha elaborada e divulgada pelas próprias empresas correspondam à verdade. Todo pedido de aumento é amparado em dados fornecidos pelas próprias empresas.
Acima da inflação
Os aumentos são muito superiores à inflação (considerada de 1996 pra cá), de modo que as empresas, de fato, praticam um preço anti-social, um preço que exclui as pessoas do transporte.
Transporte público
Nosso debate, da Frente inclusive, diz respeito a repensar o "modelo tarifário" inteiro, o modelo no qual o custo do sistema é pago pela tarifa. Acreditamos que são os grandes industriais e comerciantes, os beneficiados com o deslocamento de força de trabalho e consumidores, que devem arcar com os custos.
Conscientização
Fizemos seminários sobre transporte, com a presença do elaborador do Programa Tarifa-Zero, Lúcio Gregori, ex-secretário do governo Erundina, e com presença do IPPUJ (Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville). Sempre tentamos diálogo com os órgãos da prefeitura.
Sem diálogo
O anúncio de aumento em plenas férias demonstra uma forte resistência da prefeitura para o diálogo. Ao contrário, a decisão demonstra a incapacidade de expor razões, ouvir divergência e tomar uma decisão conjunta. Por isso que, a partir de agora, a única alternativa é a mobilização da população joinvilense.
População é roubada
No nosso ponto de vista, tratar o transporte como mercadoria, como negócio, é roubar do cidadão o direito ao transporte, é transformar o transporte de direito em privilégio. Além disso, posso argumentar que o aumento é muito acima da inflação do período - mais de 100% acima - e que, portanto, de qualquer ponto de vista, R$2,30 já é roubo.
A passagem deveria ser:
ResponderExcluirAntecipada = R$ 2,50
Embarcada = R$ 3,00
E ponto final.